Poesia Alentejana
Tava eu a tirar moncos
cá da cana do nariz
quanto fazia uma mija
assim tipo chafariz
Tinha a bexiga tã chêia
que fiquê lá uma hora
quando me assomê em volta
tinha ido tudo embora
Sacudi o coiso e tal
enquanto coçava a bilha
de tal manêra atascado
que o entalê na braguilha
tirê as botas do lodo
que fizera na mijada
sacudi tamém as calças
sempre com ela entalada
pedi ajuda à Ti micas
que cerca dali morava
mas depilou-me os tomates
a força com que a puxava
ensanguentado na pila
fui aos tombos pelo monti
vomitando quasi as tripas
nã sêi se queres que te conti
comera dôs pães de quilo
e bebera um garrafão p'rajudar a empurrare
na admira que tivesse
três horas a vomitare
Detê-me na palha fresca
para ver se descansava
enterrê-me logo em bosta
de uma vaca que passava
E foi assim que essa tarde
conheci um caracole
os dois deitados na palha
co's cornos a secare ao sole
porque esta vida é tão dura
por aqui p'lo Alentejo
dêxa cá dormire um pôco
vamos soltando um bocêjo
(Poesia que alguém me enviou)
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