sábado, 29 de janeiro de 2011

Escola Escolinha - a inclusão

O ensino diferenciado facilita a inclusão na escola
          
 A massificação das escolas é hoje uma realidade no nosso país, factor que provoca alguns problemas que nos são comuns, estando alguns deles relacionados com a crescente diversidade cultural, social e linguística dos alunos, resultante da mobilidade de pessoas na Comunidade Europeia, do aumento da migração e crescimento de refugiados.

Hoje em dia fala-se muito em grupos considerados desfavorecidos e, por associação, em alunos com baixo rendimento escolar, com limitações de oportunidades de sucesso académico.
Considera-se que este baixo rendimento escolar pode derivar de dificuldades intrínsecas ao aluno, do seu nível sócio-económico, etnia, migrações, desconhecimento da língua, isolamento e até de opções religiosas.

Contudo, apesar da educação protagonizar a igualdade de oportunidades, e de todos serem iguais perante a lei, as desigualdades existem. São do conhecimento de todos nós as práticas de selecção social que a própria escola produz: as crianças de minorias étnicas e as crianças pertencentes a grupos minoritários são tratadas de forma diferente.

Podemos olhar esta questão de duas formas: ou ignoramos a vitalidade e a força das culturas minoritárias obrigando, deste modo, os alunos a uma integração rápida e forçada na nossa cultura; ou criamos um currículo intercultural, que sem pôr em causa ou menosprezar a nossa cultura, dê voz às expressões das culturas minoritárias.

Tendo presente que o currículo considera os conhecimentos, atitudes e valores de uma sociedade e, por conseguinte, está mais ajustado às características e possibilidades dos alunos integrados na cultura dominante dessa sociedade, é necessário que a escola tenha por pressuposto a natureza multiétnica e as culturas representadas na escola e na sociedade, na elaboração do seu projecto curricular, adequando o currículo formal à diversidade dos alunos, promovendo a compreensão e o respeito entre alunos de diversas origens étnicas, eliminando formas de desigualdade e discriminação, como preconiza a própria Reorganização Curricular.

Cabe aos professores, no âmbito da liberdade que detém de gestão do currículo, fazer a escolha de objectivos, conteúdos e metodologias mais ou menos representativas da diversidade cultural existente na sociedade, criando um  ambiente  favorável  à  aprendizagem  na escola, onde os alunos, trabalhando em conjunto uns com os outros e com o professor, se empenhem em tarefas escolares e se sintam bem.

“ Não basta dizer que os alunos são diferentes. 


É necessário analisar as razões por que as diferenças se transformam rapidamente em desigualdades. 


Tratá-los como iguais é transformar as suas diferenças em desigualdades de aprendizagem.”  
Philippe Perrenoud

(“Igualdade e Diferença numa Escola para Todos. Contextos, Controvérsias, perspectivas”, Univ. Lusófona, Março, 2001),  
citado por Fátima Meireles in “Desigualdade ou Diferenciação”.

Interessa não esquecer que a importância da escola no combate às desigualdades advém do sucesso escolar e do seu papel na transmissão de valores democráticos:


  «Os  meios  mais  capazes  para  combater  as  atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos; 


Para além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa óptima relação custo-qualidade, de todo o sistema educativo.»

                                                               Declaração de Salamanca (1994)

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